Incentivo de R$ 1,5 bi do Rota 2030 deve impactar mais a região
[:pb]Por: Yara Ferraz – Do Diário do Grande ABC
Em meio à expectativa de que o programa Rota 2030 seja lançado até o fim do mês pelo governo federal, e que suas regras sejam divulgadas, o MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) faz coro para que o incentivo fiscal a montadoras que investirem em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) no País seja mantido em R$ 1,5 bilhão por ano – teto do antecessor Inovar-Auto. Diante disso, a expectativa é a de que a maior parte desse benefício fique no Grande ABC, que reúne seis montadoras – que no ano passado anunciaram investimentos que superam os R$ 8 bilhões para modernizar suas plantas de São Bernardo e São Caetano até 2022.
Caso o impasse entre MDIC e Ministério da Fazenda seja superado – já que este último entende que o setor automobilístico não precisa de incentivo neste momento – , e o desconto nos impostos seja aprovado, haverá impacto no crescimento do setor e dos empregos.
A Toyota, por exemplo, deve investir o montante ‘economizado’ no pagamento de tributos principalmente no Centro de Pesquisa Aplicada de São Bernardo. O local, que contempla área de design de produto da marca e o centro de visitas, foi revitalizado com investimento de R$ 70 milhões entre 2015 e 2017, graças ao incentivo do Inovar-Auto.
De acordo com o diretor de relações públicas e governamentais da montadora, Ricardo Bastos, “este incentivo seria muito importante para dar sequência à estrutura que montamos”, avalia. “O sinal de que isso vai continuar no Rota 2030 é excelente, é muito importante, porque o incentivo era o coração do Inovar-Auto. Como tem base, principalmente na engenharia, significa que vamos trazer mais projetos e mais empregos de qualidade”, afirma, sem detalhar a expansão.
Ontem, o ministro interino do MDIC, Marcos Jorge de Lima, reiterou a proposta de manutenção de incentivos, no limite de R$ 1,5 bilhão por ano, em evento em Joinville (Santa Catarina). Ele também pontuou que existe expectativa de incremento de R$ 4 bilhões no volume de arrecadação do setor com a implantação do novo programa, hoje de R$ 40 bilhões anuais.
No entanto, há rumores de impasse com o Ministério da Fazenda, que não vê espaço para estímulo tributário no atual cenário e defende que o setor pode usufruir da Lei do Bem, programa que prevê benefícios ao investimento em inovação, e que já contemplaria incentivo. Para tanto, porém, as empresas teriam de apurar lucro, o que não está ocorrendo. Com base nisso, o MDIC defende a manutenção do benefício. Conforme o chefe da Pasta, agora basta aguardar a aprovação do presidente Michel Temer (MDB), que dará a palavra final sobre incentivo e programa. Questionada sobre o assunto pelo Diário, a Fazenda não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta edição.
CENÁRIO – Após três anos de forte crise, a perspectiva para a indústria automotiva é positiva em 2018. Conforme dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o número de veículos fabricados em 2017 (2,7 milhões de unidades) foi 25,2% maior do que em 2016 (2,15 milhões). A venda de novos também teve alta em relação a 2016, de acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), sendo que foram vendidos 2,23 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus zero-quilômetro no ano passado, alta de 9,23%.
Esta é a primeira vez em mais de duas décadas em que a indústria automobilística fica sem incentivos no Brasil. O Inovar-Auto, que vigorou por cinco anos, possibilitou diversos investimentos das montadoras na região. No ano passado, a Volkswagen anunciou o aporte de R$ 2,6 bilhões até 2020, mesmo valor e prazo que o divulgado pela Scania, além dos R$ 530 milhões da Mercedes-Benz iniciados em 2015 e dos R$ 2,4 bilhões, partilhados com a unidade de Juiz de Fora (Minas Gerais), até 2022. A General Motors, em São Caetano, deve investir R$ 1,2 bilhão até 2020 para modernizar seu parque e garantir permanência na cidade até 2028.
Para Bastos, a propagação do programa é crucial para manter os bons resultados da indústria automobilística. “Se temos uma política sustentável, a gente passa a fazer investimentos. A continuidade do Rota 2030 traz questões fundamentais para elevar a segurança veicular, por exemplo, além de prever mais aportes e mais sustentabilidade. O importante também é dar metas para o setor nos próximos anos.”
Fonte: Diário do Grande ABC
[:]