Postado em: 26/09/2018 - Últimas Notícias

Brasil no caminho da inovação: quanto falta para termos nosso próprio Vale do Silício?

[:pb]Foto: Divulgação

País tem parques tecnológicos importantes, como em Santa Catarina e em Minas Gerais, mas ainda precisa aumentar o investimento se quiser avançar na áreaPaís tem parques tecnológicos importantes, como em Santa Catarina e em Minas Gerais, mas ainda precisa aumentar o investimento se quiser avançar na área

Universidades que pesquisam e descobrem soluções inovadoras. Empresas que transformam descobertas em produtos. Coloque esses dois ingredientes no mesmo local, turbine a receita com investimento pesado, adicione centros de pesquisa, laboratórios e incubadoras de negócios. Pronto. Nasceu um parque tecnológico.

O mais famoso deles, nos Estados Unidos, mais precisamente na Califórnia, registrou 19 mil patentes em apenas um ano, entre segundo trimestre de 2016 e o de 2017. No Vale do Silício, onde estão gigantes tecnológicas como Facebook, Google e Apple, entre outras, há forte investimento que gera emprego para as pessoas e lucro para as empresas. Mas e o Brasil? Quanto falta para termos nosso próprio Vale do Silício?

Há algumas experiências com razoável sucesso de parques tecnológicos em território brasileiro. Em Santa Catarina, por exemplo, o faturamento do setor de tecnologia atingiu R$ 15,5 bilhões de acordo com relatório deste ano da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate). O número já representa pouco mais de 5% da economia do estado.

Na capital Florianópolis, a iniciativa nasceu ainda nos anos 1980. Os bons cursos de engenharia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) atraíram alunos qualificados, que, após se formarem, queriam continuar vivendo na cidade. As opções de trabalho, porém, eram raras. Foi aí que oito empreendedores montaram quatro empresas, plantando a semente para semear a potência tecnológica do local. Hoje, um dos principais desafios da Acate é unificar iniciativas semelhantes que surgiram em várias regiões do estado.

“Estamos no meio deste processo de unificação dos nossos 14 polos. É um trabalho bem árduo, político, no qual a gente tem de vencer barreiras de egos, mudar a mentalidade para que todos pensem em atuar juntos, que é uma maneira de nos tornarmos mais fortes”, avalia Daniel Leipnitz, presidente da entidade.

Para Leipnitz, o Vale do Silício se diferencia por uma série de fatores. Ele aponta, por exemplo, a capacidade de atrair pessoal qualificado, independentemente da nacionalidade.

“Lá, tem uma abundância de capital. A questão da atração de talentos de outros países é outro fator fundamental. Nenhum pólo desenvolvido do mundo é composto somente de pessoas da região. Se pensarmos na realidade brasileira, creio que temos de nos vender melhor para atrair esses talentos”, afirma.

Mencionada por Leipnitz, a diferença no nível de investimentos é apontada por Roberto Bigonha, diretor-presidente do parque tecnológico de Belo Horizonte, o BH-TEC, como principal ponto de discrepância entre os polos brasileiros e o Vale do Silício.

“A diferença é a quantidade de recursos financeiros. O modelo de funcionamento é o mesmo. A universidade faz pesquisa, e sua preocupação sobre a aplicação imediata daquilo é secundária, porque há o benefício do avanço do conhecimento científico. Mas quando há possibilidade de aplicação imediata, a ideia de inovação, junta-se a pesquisa com o empreendedor e há um resultado com relevância social de curto prazo. Esse é o modelo em todo o mundo”, destaca.

Os primeiros planos de um parque tecnológico em Belo Horizonte surgiram no início dos anos 1990, mas só em 2005 o Conselho Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) cedeu uma área de meio milhão de metros quadrados para a construção. Buscaram-se parceiros, houve aporte de recursos governamentais e privados e, em 2012, o BH-TEC entrou em operação. Hoje são 27 empresas funcionando no local, um número que poderia ser maior: “Nosso prédio está cheio. Gostaríamos de ter mais recursos para ampliar o parque”.

Como se vê, o volume de recursos, sejam públicos ou privados, torna-se decisivo para estabelecer vários degraus de diferença entre os polos brasileiros e seu par mais famoso. Pelo menos sabemos que há, por aqui, iniciativas que crescem com modelos semelhantes e dão a ideia de que estamos no caminho certo, por mais longo que ele seja.

Fonte: G1

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