Postado em: 27/05/2019 - Últimas Notícias

Industria 4.0: país rumo à 4ª Revolução Industrial

[:pb]Por: Paula Maria Prado

Se as três primeiras revoluções industriais trouxeram produção em massa, linhas de montagem, eletricidade e tecnologia da informação, a quarta – e próxima! – revolução terá um impacto ainda mais profundo e exponencial na vida de toda a sociedade.

O conceito, revelado na edição 2011 da Feira de Hannover, propõe uma mudança de paradigma em relação à maneira como as fábricas hoje operam. Segundo ela, ocorrerá uma descentralização do controle dos processos produtivos, ao mesmo tempo em que há uma proliferação de dispositivos inteligentes interconectados ao longo de toda a cadeia de produção e logística.

Ou seja, o impacto esperado na produtividade será imenso. Não à toa, a Indústria 4.0 é prioridade do Governo Federal. Os ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e da Economia lançaram, em abril desde ano, a Câmara Brasileira da Indústria 4.0, que será responsável pela criação de uma política nacional voltada às indústrias.

“O governo tem uma grande responsabilidade neste momento e está atento a isso. É preciso permitir que os pequenos, médios e grandes operadores de todo o país participem desse processo de inovação e de oportunidades que virão”, afirmou secretário-executivo do MCTIC, Júlio Semeghini.

Para o secretário especial de produtividade, emprego e competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, as mudanças representarão também uma nova economia. “Temos uma grande oportunidade. A maioria das empresas no Brasil ainda está na segunda revolução industrial e pode saltar diretamente para a quarta revolução”, opinou.

Mudanças.

Mas os desafios são imensos. A mudança para a Industria 4.0 exige um conjunto de tecnologia emergentes de TI e automação industrial, com intensa digitalização de informações e comunicação direta entre sistemas (Internet das Coisas).

Ou seja, trata-se de uma transição que não ocorrerá de forma repentina, mas gradual, uma vez que a sua implantação dependerá de fatores econômicos, estratégicos e da capacidade tecnológica das indústrias presente em cada país.

Reiterando a fala do secretário especial, é consenso entre especialistas que a indústria nacional ainda está em sua maioria na transição entre a 2.0 (linhas de montagem e energia elétrica) para a 3.0 (eletrônica, robótica e programação).

Segundo dados do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), para termos uma ideia da nossa defasagem, precisaríamos instalar cerca de 165 mil robôs industriais para nos aproximarmos da densidade robótica de um país como a Alemanha, no topo do debate. E, no ritmo atual, de 1,5 mil robôs por ano, levaríamos mais de 100 anos para atingir o feito. Por outro lado, sim, é possível queimar etapas.

Mas, aqui na região, em que ‘pé’ está a revolução?

Nossa terra.

Segundo Marcelo Nunes, coordenador do APL TIC Vale (Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação e Comunicação), do Parque Tecnológico de São José, não estamos tão distantes da média nacional.

“As empresas locais estão no processo. Porque antes de robotizar, é preciso ter muito bem definido todos os processos da empresa”, afirmou.

Ainda segundo ele, toda empresa passa por cinco processos: o primeiro deles tem a ver com a otimização de processos, com uma organização enxuta e mais produtiva. Muitas estão nessa fase.

“Na sequência vem a questão sensoriamento dos equipamentos. É preciso fazer com que máquinas transmitam dados e informações. A terceira fase começa a ter Inteligência Artificial, quando máquinas apontam um problema. Por exemplo, a máquina avisa que sua linha de produção vai começar a atrasar ou que não vai conseguir entregar no tempo estipulado. E então o homem toma as decisões”, afirmou.

No quarto (automação) e quinto nível (robótica), as máquinas já tomam decisões sozinhas. “Estamos longe de alcançar esses estágios, mas não somos os únicos. Mesmo países desenvolvidos não estão no último nível”, disse Nunes. “Mas aqui, teremos uma questão ainda mais complicada, que é a carga tributária. Hoje, é difícil para o empresário trazer um equipamento por causa dos impostos. Isso inviabiliza a atuação do setor“.

Mentalidade 4.0.

Se não estamos já inseridos nessa revolução, ao menos sabemos qual caminho seguir e começamos a nos preparar.

“A indústria é um dos segmentos que mais vem realizando mudanças ao longo dos anos. A introdução de novas tecnologias nos processos de fabricação serve para potencializar tanto o tempo de produção quanto a qualidade do produto final. Por isso, a chegada da Industria 4.0 é uma boa nova. Os processos de digitalização e robotização hoje estão em todos os lugares”, afirmou Humberto Dutra, presidente da ACI (Associação Comercial Industrial), de São José dos Campos.

“Em nossa região, um exemplo de indústria 4.0 está nos investimentos programados pela General Motors em São José, planta que vai adotar maciçamente esses novos parâmetros de produção. Além disso, investimentos na indústria 4.0 estão sendo feitos nas principais indústrias da região, que tem no Parque Tecnológico de São José um dos principais polos do setor em todo o país”, ressaltou.

Fonte: Ovale[:]


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